The Adventures of a Trailing Spouse

Tuesday, March 17, 2009

Incredible India

Por do sol atras da mesquita do Taj Mahal que fica na cidade de Agra.










Incredible India eh o titulo da propaganda de turismo que a India lancou ha alguns anos pelo mundo a fora. Vemos o tempo todo aqui, nas revistas, nos onibus... Nao pode haver nome mais bem escolhido, aquele pais merece um adjetivo fora do comum mesmo.





Aqui em Cingapura nos temos bastante contato com indianos. O Tamil, um dos idiomas falados na India, eh uma das 4 linguas oficiais de Cingapura. Tem um bairro aqui chamado Little India. Ver mulheres de saris eh comum. A gente ja tinha uma queda por comida indiana antes de vir para ca, so aprendemos a gostar mais, a entender os temperos e saber o que pedir. Vejo eles comendo com as maos, com a comida sobre uma folha de bananeira. Alias, eu ja fui a restaurante aqui e ja comi assim. Ja aprendemos ha muito tempo a entender o balancar de cabeca deles, eh nao com a cabeca falando sim, eu posso. Eles nunca dizem nao pra nada.





Eu sabia que ir a India de verdade nao eh pra iniciantes, ou entao a pessoa sai sem entender nada e so reclamando de pobreza, bagunca e sujeira. Varias amigas minhas daqui ja foram. O Sergio ja tinha ido varias vezes a trabalho : Mumbai, Bangalore, Chenai, Delhi. A primeira vez que ele foi a Mumbai ele ficou chocado. Entre o aeroporto e o hotel luxuoso ele disse que viu todos os tipos de miseria na rua. Se eh que tem muita diferenca entre diferentes de tipos de pseudo camas na rua aonde dormem familias inteiras ou projetos de barracas de acampamento. Aos montes, por todo caminho. Nada a ver, segundo ele, com os mendigos do Rio ou com as favelas, nem com a pobreza do Mexico. Ele disse que Mumbai eh uma grande favela com algumas coisas no meio como os hoteis. Mas eh melhor pedir vista pro jardim, porque olhar la pra fora nao da. OK, eu disse, mas eu quero ir a Mumbai um dia que voce for a trabalho. Nao deu ainda. Mas eu sabia que ir embora de Cingapura sem conhecer o Taj Mahal nao ia acontecer. Aproveitamos a semana de atividades extras dos filhos na escola e programamos uma viagem ao chamado triangulo de ouro da India : Delhi, Agra e Jaipur. Fevereiro eh uma epoca otima, eh inverno e seco. Depois vai esquentando, chega a fazer 48 graus em Jaipur. E em julho comecam as monsoes e a India literalmente para porque muita agua e falta de estrutura eh sempre sinonimo de caos. Alem de mais risco de pegar doencas como malaria.





Eu achei que tendo tanto contato com indianos, morar num lugar com tanta diversidade, ja ter viajado por tantos lugares pobres, ja ter trabalhado por anos na favela de Ramos, em Caxias, no Vidigal, o que poderia me espantar tanto na India ?? Peguei um livro pra ler, The Holy Cow (A Vaca Sagrada). Eh a biografia de uma jornalista australiana que se muda pra Delhi pra acompanhar o marido. Eh todo o processo de adaptacao, aceitacao e no final paixao dela pelo pais.





Fui ao medico e depois de negociar muito, so tomei vacina de febre tifoide, hepatite A e a Sabin. Recusei os remedios preventivos de malaria, recusei a vacina de raiva que recomendam porque tem muito cachorro de rua la e falta vacina. Ainda tem a encefalite japonesa tambem transmitida pelo mosquito, nem pensar. E eu tambem levei o Gabriel comigo porque por coincidencia a viagem dele da escola era para a India. Fiz ele jurar que passaria muito remedio de mosquito e nao chegaria perto de nenhum cachorro de rua.



Pegamos milhas da Singapore Airlines, sao 5 horas de voo direto a Delhi. Reservamos hoteis bem bons, mas sem ser os mais caros. La nao da pra pegar hotel mais ou menos de jeito nenhum. Faltava ver como a gente faria la pra ir de um lugar a outro. Nos detestamos grupos de excursao. Regulam o nosso tempo nos lugares, levam pras lojas mais cafonas e nos nao gostamos de ser mandados em viagem. Tambem ja ouvimos historias de amigos que foram em grupo e os motoristas se negavam a ir aos lugares que eles queriam, principalmente a lojas que tinham recomendacao, ja que essas nao dariam comissao a eles. Entao o motorista ou o guia dizia que ficava longe, que nao ia dar tempo. Se a gente alugasse um carro em qualquer lugar tipo Hertz, ja viria com um motorista incluido porque dirigir na India nao da. Depois entendemos porque. A Claudia, uma amiga daqui casada com um indiano me disse para pegarmos um motorista recomendado porque muitos das empresas de aluguel falam so Hindi e a comunicacao ficaria dificil. O marido dela resolveu nosso problema. Um motorista ja ia nos apanhar no aeroporto e nos acompanharia a viagem toda, indo aos lugares que a gente quisesse. E aonde o cara ia dormir ? Nao se preocupe, nao pergunte, ele se ajeita. Muitos hoteis tem lugar pra eles dormirem (faco ideia...), nem eh pra perguntar como eh, ou entao eles dormem no carro mesmo. Super normal.



Pra terminar, almocei com a Claudia pra ela me passar dicas femininas. Restaurantes que ela adorava em Delhi e os melhores mercados pra artesanatos (eu adoooooro artesanato indiano). Tambem pedi nome de designers indianos modernos porque eu gosto de coisa diferente. Foi melhor ainda, ela me levou numa loja linda que tem aqui e me mostrou a roupa de umas marcas. So que la seria bem mais barato.





Ai ela me disse que eu ia gostar e ia entender o caso de amor e odio que ela tem com a India.

Nova Delhi

Primeira impressao da India : Cade o monte de luzes nessa cidade ? O aviao vai pousar nessa cidade enorme e eu quase nao vejo luzes ? Eram 10 da noite. Saimos do aviao, ja comeco a reparar que as paredes tem marcas de pes. Tipo, sujou e ninguem limpa. OK, o Galeao anda assim mesmo. Imigracao simpatica, as malas demoram. Parece o G... Nao, diferente, aqui tem muita gente, mas muita gente mesmo. Quanto carregador de mala !!! Saimos, nem sombra do motorista. Ligamos pra ele e descobrimos que so os motoristas ou guias registrados podem entrar no aeroporto por questoes de seguranca. Ele esta la fora nos esperando, se chama Raj e eh simpatico. Fala um Ingles bem dificil de entender. A caminho do aeroporto vejo que a cidade eh escura mesmo. Sinal de falta de $ ? So vi luzes numa festa de casamento. Nao da pra ver nada bonito. Chegamos ao hotel, primeiro passamos pelo detector de metais, entro num cubiculo e uma mulher me apalpa toda e abre minha bolsa. La dentro eh realmente um oasis. Embora pelo visto Delhi, a capital, nao seja Mumbai.


De manha, saimos pra passear. Comecamos pela Tumba Humayun que foi construida pelo segundo imperador Moghul que morreu aos 48 anos porque era viciado em opio e caiu de uma escada doidao. O lugar eh bonito, tem varias tumbas separadas, uma delas eh do barbeiro do imperador, homem merecedor de muita confianca ja que era o unico que colocava uma navalha no pescoco dele...


Engracado eh que a gente entra e vem um homem e comeca a contar a historia e ai para e pede $. Mais adiante vem uma senhora bem humilde que fala 5 palavras de Ingles e explica muito apontando e depois estica a mao pedindo o dela. Conclusao que chego : Tem muita gente entao por isso o trabalho tem que ser dividido pra ter pra todos. Tambem ninguem espera muito de gorgeta, qualquer coisa esta bom.


Olhem aquela foto la em cima na Tumba: nao importa se ela trabalha varrendo o jardim, a mulher esta de sari colorido, com pulseiras, aneis nas maos e nos pes, muito dourado, cabelo preso e arrumado. Em qualquer lugar. Nao tem essa de roupa de ficar em casa, de vestidinho de fazer faxina.
























Delicadeza. Esse menino estava com um grupo de escola. Primeiro ele passou por nos e sorriu e deu tchau como todos os outros. Depois ele veio me dar essa flor.



O grupo de escola e as professoras lindas com suas roupas - Elas estao de kurta, pajama e dupeta que eh o lenco.




Ai estamos na Hazrat Nizamuddin Dargah que na verdade eh uma outra tumba distante daquela. Essa foto era de um casal "namorando". Nao sei porque, mas ela estava coberta pelos galhos da arvore. E ele estava em frente falando com ela sem ver direito o seu rosto. Eles sao discretos nas demonstracoes amorosas, as mulheres ficam envergonhadas.





O edificio da tumba.


Numa calcada de Delhi, gente morando e lavando suas roupas.




No Lodi Garden, aonde tem 2 tumbas e 1 mesquita. Os predios sao bonitos mas poderiam estar mais bem conservados.








Na estrada de Delhi a Agra

Neste mesmo dia, paramos num dos mercados recomendados pela Claudia e almocamos num restaurante da lista. Minha preocupacao era a fama da comida e agua da India derrubarem os visitantes. A mesma historia do Mexico, dizem que nao eh problema de higiene (!) e sim as bacterias locais que chegam nos nossos pobres sistemas digestivos e fazem festa. Resolvo evitar lugares nao recomendados e sigo orientacoes : ate pra escovar dente uso agua mineral. Tenho mais medo de estragar a viagem e ficar presa no hotel com uma diarreia como ja ouvi varios casos do que de passar mal mesmo.











Depois pegamos a estrada pra Agra. Nao da pra descrever o que eh uma estrada na India. As estradas ate que estao em bom estado, surpresa. So nao ha lei nenhuma. Ou se tem eh apenas um detalhe. Como na foto acima, as motos carregam varias pessoas, mas so o motorista eh obrigado a usar capacete.
















Essa mesma estrada que liga 2 cidades importantes, a capital a outra que tem o monumento mais importante do pais, o Taj mahal, passa pelo meio de varias mini cidades. Com varios cruzamentos sem sinal de transito, sem ponte, sem a menor ordem. Vem carro por todo lado, todo mundo buzina. Mas todo mundo esta calmo. Nao vi ninguem brigando.






Uma cidade pelo caminho : todo mundo pela rua. Tambem calcadas sao detalhes inexistentes. Nao ha lixeiras, entao ta tudo bem.









O acostamento, um amontoado de terra, lixo e uma placa que tem vaca pelo caminho. E tem mesmo.







Mas mesmo numa cidezinha totalmente sem estrutura, as mulheres saem a rua lindas nos seus saris e caminham a beira do valao com lixo. Eu nao estou aqui nem ha 24 horas e ja estou apaixonada pelas cores.







A estrada tem mao e contra mao, mas isso tambem eh um detalhe. La vem um tuc tuc que deveria estar na outra pista na nossa direcao.







Super lotacao tambem nao existe aqui.







Frutas e mais cores na estrada.






Chegamos a Agra ja a noite, foram 150 Km percorridos em 5 horas ! A entrada na cidade eh algo indescritivel de confuso.





A caminho do Taj Mahal


No dia seguinte, o Raj disse que teriamos um guia em Agra e que o servico nao seria cobrado. Huumm, algum interesse tem ai, lojinhas, restaurantes... Vamos ver, se for um chato inconveniente, dispensamos logo.



Comecamos o dia cedo, ele e o guia nos levam ate um estacionamento aonde pegamos um tuc tuc. Olha minha cara de alegria, vou conhecer o Taj Mahal !!




E o filminho do caminho : O som indiano, o das buzinas. O trafego estava bem tranquilo, ainda eram 8 e pouco da manha.




Taj Mahal

Chegamos cedo, entao ainda nao estava super cheio. Tem 3 entradas. Fui avisada para nem levar bolsa pra facilitar na seguranca, alem do que nao se pode levar eletronicos alem de celulares e maquina de retrato. Passamos no detector de metais.


Esse eh o primeiro predio que vemos. Nao se avista o palacio dai. Foi tudo feito de proposito, o arquiteto pensou em tudo.









Entramos por ai




e comecamos a ver o palacio



e vamos andando e aparece mais







Nao tem foto nenhuma, de nenhum livro nem muito menos as minhas, que faca juz a beleza dele. Fiquei emocionada de verdade quando terminei de passar por esse portal. Eh lindo demais !


Taj quer dizer real, Mahal eh palacio. Um imperador mandou construir um palacio para ser a tumba da sua mulher que morreu no decimo quarto parto. Ele tinha mais de 100 comcumbinas a disposicao dele, mas ele era completamente apaixonado por essa esposa e so queria ela, que sofreu varios abortos e tinha partos complicados. Quando ela morreu, ele mandou construir um monumento para ela que fosse o mais lindo monumento ao amor ja construido. Eh um simbolo do amor eterno.

O Taj Mahal eh quase todo simetrico, com excecao dos 4 minaretes que sao construidos com um pequeno angulo em direcao ao lado de fora para se acaso ocorresse algum terremoto, o palacio nao fosse destruido por eles. Eh todo feito de marmore branco trabalhado. Levou 22 anos para ficar pronto em 1653.












Sessao foto cafona : como estavamos com o guia, ele tirou todas as fotos que todos os turistas tiram la. Ele sabia exatamente o melhor lugar pra coisa funcionar. Tem varias... Nos deixamos, ja que a gente estava la mesmo...



Como voces podem ver, o laguinho esta sem agua. As sextas feiras, o monumento so esta aberto para os descendentes dos construtores dele, o que deve ser quase toda a populacao de Agra. E os lagos sao limpos entre sexta e sabado. Aos sabados nunca tem agua, isso eu ja sabia de uma amiga. So que nos fomos num domingo. Estava comecando a encher de agua, mas nao ia acabar logo. Com a agua, fica melhor porque ela reflete a imagem dele e deixa ainda mais bonito.



Bom que nos resolvemos fazer essa viagem com calma. Ja que temos tempo e todos dizem que eh bom visitar o Taj em horas diferentes do dia para ver com outra luz, a falta de agua me obriga a voltar aqui amanha a tarde. Oba !




Cafona, mas divertida.







Estou entrando. La dentro nao pode tirar foto. Esta uma replica da tumba, em volta tem um trabalho lindo de marmore esculpido. Mais nada. A tumba verdadeira esta no andar debaixo, protegida.


Os indianos pagam 50 rupis pra entrar, o equivalente a U$ 1. Os estrangeiros pagam 750, mas ganham uma garrafa de agua e uns sapatinhos iguais aqueles de centro cirurgico pra cobrir os pes. Os indianos entram descalcos mesmo. Provavelmente isso comecou porque tanta gente entrando e deixando sapatos la fora devia ser um tal de sapato sumir... Quem viu Slumdog Millionaire entende.



O trabalho do marmore esculpido e incrustado com pedras semipreciosas que existe no palacio todo.






















Tem 2 predios como esse, um em cada lado. Esse eh a casa de hospedes...



e esse eh a mesquita.






Essa familia pediu pra tirar foto comigo.



O Taj fica mais lindo ainda com as mulheres e suas roupas coloridas. Eh impressionante, eu nao conseguia ver um sari de cor igual a outro.



No dia a dia, o sari eh uma roupa usada mais por mulheres casadas. As solteiras usam mais aquela calca e uma tunica que parece um vestido. Nao que as solteiras nao possam usar sari, nao eh regra.